Aberto há quatro anos em Porto Alegre (RS), o Instituto Caldeira se consolidou como um dos principais hubs de inovação e negócios do Brasil, conectando startups, grandes empresas, investidores e poder público. A celebração do quarto aniversário ocorre um ano após um dos maiores desafios enfrentados pelo hub: os impactos das enchentes de 2024 no Rio Grande do Sul, que colocaram à prova a resiliência da instituição e reforçaram seu papel como catalisadora de soluções para a nova economia. Buscando contribuir para a recuperação do ecossistema de inovação gaúcho, o Caldeira se vê em um momento de expansão internacional e fortalecimento de parcerias.
Com foco crescente na internacionalização, o instituto projeta um novo ciclo de crescimento ancorado em acordos de cooperação com entidades estrangeiras, missões empresariais e programas que conectam startups brasileiras a mercados estratégicos. “Nosso objetivo é consolidar o Caldeira como um hub global, com sede no Brasil, mas conectado ao que há de mais relevante em ecossistemas internacionais”, afirma Pedro Valério, Diretor Executivo do Instituto Caldeira.
Crescimento acelerado e expansão do espaço físico
Inaugurado em março de 2021, no Quarto Distrito de Porto Alegre, o Instituto Caldeira nasceu com a proposta de transformar a região — marcada historicamente pela presença industrial — em um polo de inovação. O hub iniciou suas atividades em um espaço de 22 mil m², anteriormente ocupado pela antiga fábrica da Renner, com a projeção de ocupação total do prédio em até dez anos: em menos de três anos, porém, o espaço atingiu a capacidade máxima.
Em 2023, o instituto adquiriu também os prédios da antiga fábrica Tecidos Guahyba, incorporando mais 33 mil m² à sua área total, que agora soma 55 mil m². A previsão é de que a ocupação integral da nova estrutura ocorra em até sete anos, com o investimento total superando R$ 120 milhões. Atualmente, o hub reúne 520 empresas, startups e instituições, com o objetivo de tornar o Rio Grande do Sul mais competitivo por meio da colaboração, do empreendedorismo e da educação. Segundo estudo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), cerca de 15% do PIB do estado está diretamente relacionado ao ecossistema conectado ao Caldeira.
Principais números do Instituto Caldeira hoje:
130 escritórios
9 programas de aceleração permanentes
mais de 1100 atividades realizadas desde a inauguração
310 startups aceleradas
mais de 700 mil pessoas já passaram pelo hub
mais de 16 mil alunos da rede pública já foram sensibilizados pelos programas
450 alunos formados no Geração Caldeira
Internacionalização: uma plataforma de conexões para negócios
Um dos pilares da nova fase do Caldeira é a internacionalização. Atualmente, o instituto mantém parcerias ativas com organizações de oito países, como Estados Unidos, Canadá, Israel, Portugal, Uruguai e Suécia. A Argentina e a França também estão no radar, com acordos em processo de formalização.
A parceria com o Techarena, plataforma e evento global de tecnologia e negócios, é um dos destaques mais recentes. O Instituto Caldeira e a Invest RS, agência de desenvolvimento do governo estadual, formalizaram a parceria durante a realização da edição 2025 do evento, com o objetivo de promover intercâmbio de conhecimento, programas de aceleração, atividades conjuntas e a conexão entre as comunidades de inovação brasileira e sueca. Outra das ações em andamento é a parceria com a canadense Pycap, que garante às startups conectadas ao Caldeira acesso ao programa Startup Visa.
Outros parceiros internacionais são o hub Unicorn Factory, de Lisboa, e o Startup Guide, da Dinamarca. Em 2024, o Caldeira participou do Web Summit Lisboa a convite do Unicorn Factory, e três startups portuguesas participaram do South Summit Brazil como parte dessa troca institucional.
Neste mês de junho, o Caldeira deu início também à nova edição de seu programa de Missões Internacionais, projeto que serve como ponte entre lideranças empresariais brasileiras e os maiores centros de inovação do mundo. Neste ano, as missões passam a ser realizadas em parceria com a Invest RS, agência de desenvolvimento do Rio Grande do Sul. Voltadas a C-Levels e executivos das maiores empresas do país, as missões combinam conteúdo técnico, acesso a fundadores e investidores de referência global, e networking com outros líderes. As três jornadas programadas para este ano – para Londres, Vale do Silício e China – foram desenhadas com uma curadoria que combina excelência de conteúdo, imersão em ecossistemas relevantes e a promoção de conexões transformadoras para os negócios.
“Buscamos atuar como uma plataforma de conexões para negócios; criando uma ponte para startups brasileiras que buscam novos mercados, além de trazer o que há de melhor de conhecimento, práticas e oportunidades globais para dentro do país”, afirma Pedro Valério. “Existe muito espaço e demanda para empreendedores e oportunidades de novos negócios da América Latina. Estamos aumentando nosso alcance por meio de acordos de cooperação e mapeando instituições que possam se integrar ao Caldeira nesta rede de apoio para empresas brasileiras e oportunidades nos Estados Unidos, Europa e Ásia.”
Consolidação e ampliação das atividades do Campus Caldeira
Outro foco importante para o Instituto Caldeira é a consolidação e ampliação das atividades do Campus Caldeira, braço do hub dedicado a ações voltadas à educação profissionalizante e à inclusão produtiva de talentos na nova economia. Em 2025, o Geração Caldeira, principal programa do Campus, ampliou a meta de participantes na fase online de 10 mil para 40 mil jovens: o objetivo é democratizar o acesso à formação em tecnologia e negócios para estudantes e ex-estudantes da rede pública de ensino em todo o Brasil. Além do crescimento na quantidade de inscritos, a edição de 2025 traz uma nova trilha educacional, focada em Inteligência Artificial e Dados, e um formato que mantém os alunos engajados ao longo de um ano inteiro. Para os alunos que participarem da etapa presencial, o Instituto Caldeira vai distribuir um total de R$ 800 mil em bolsas.
A expansão do Geração Caldeira ocorre em um momento em que o Instituto Caldeira fortalece sua atuação no setor educacional. Em 2024, Claudia Costin, ex-diretora global de educação do Banco Mundial, passou a integrar o Conselho de Administração do instituto como convidada. Professora e economista, Claudia traz para o Caldeira uma visão estratégica sobre o papel da educação na formação de talentos para a nova economia. “O Geração Caldeira abre um novo universo de empregabilidade para os participantes, de contatos, de construção de futuro”, comenta Claudia. “É um dos projetos mais bonitos que reúne juventude, empregabilidade e desenvolvimento de competências para a era digital que eu já vi no Brasil.”
Ainda neste ano, o Caldeira realiza também a segunda edição do Futuros Possíveis, um programa de estágio de férias inspirado no Summer Youth Employment Program de Nova York, que emprega anualmente 100 mil jovens nos Estados Unidos; e da disciplina eletiva Ecossistemas de Inovação, que tem o objetivo de proporcionar a alunos de escolas privadas uma vivência prática dentro de um hub de inovação, ampliando seus horizontes para as carreiras do futuro. “A visão do Instituto Caldeira é de que a Educação Profissional e Tecnológica precisa estar conectada à realidade do mercado”, aponta Felipe Amaral, Diretor do Campus Caldeira. “Não basta ensinar conceitos técnicos: é preciso criar experiências imersivas, incentivar o protagonismo dos jovens e aproximá-los das oportunidades concretas que a nova economia oferece.”
Enchentes e reconstrução: a força da comunidade
Em maio de 2024, o Instituto Caldeira foi diretamente afetado pelas enchentes que atingiram Porto Alegre. O prédio ficou fechado por cerca de um mês, com prejuízo estimado em R$ 35 milhões. A reabertura parcial ocorreu em 10 de junho, com o uso dos segundo e terceiro andares, enquanto o primeiro — o mais impactado — passou por um processo de limpeza e restauração, sendo reaberto em setembro, durante a Semana Caldeira. As 69 empresas residentes no primeiro andar foram temporariamente realocadas, e cerca de 200 novas posições de trabalho foram criadas nos demais andares.
Além da restauração da sede, o Instituto liderou ações emergenciais de apoio às vítimas da enchente, como a Operação De Volta Para Casa, voltada a jovens do programa Geração Caldeira e suas famílias. A iniciativa mapeou os mais afetados e forneceu cartões pré-pagos para aquisição direta de móveis e eletrodomésticos, estimulando também a economia local.
Porto Alegre como polo global de inovação
A estratégia de longo prazo do Caldeira é posicionar Porto Alegre como um centro global de inovação, conectado a redes internacionais e com uma proposta urbana inovadora. O instituto atua na articulação entre empresas, universidades, poder público e centros de pesquisa para transformar o Quarto Distrito em uma referência em desenvolvimento sustentável e empreendedorismo.
“Queremos construir um ambiente reconhecido globalmente como fértil para a nova economia”, afirma Marciano Testa, presidente do Conselho do Instituto Caldeira. “A expansão física do hub, os programas de formação de talentos e as conexões internacionais que estamos construindo apontam para essa direção.”